quinta-feira, 14 de junho de 2012

O Uso do Vinho


O Vinho no Antigo Testamento
(Números 6.3)
“... de vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho ou vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerá."
      De um modo geral, há duas palavras hebraicas traduzidas por "vinho" na Bíblia. A primeira palavra, a mais comum, é yayin, um termo genérico usado 141 vezes no Antigo Testamento para indicar vários tipos de vinho fermentado ou não fermentado (Neemias 5.18, que fala de "todo o vinho [yayin]" = todos os tipos).
      Por um lado, yayin aplica-se a todos os tipos de suco de uva fermentado (Gênesis 9.20,21; 19.32-33; I Samuel 25.36,37; Provérbios 23.30,31). Os resultados trágicos de tomar vinho fermentado aparecem em vários trechos do Antigo Testamento, notadamente (Provérbios 23.29-35).
      Por outro lado, yayin também se usa com referência ao suco doce, não fermentado, da uva. Pode referir-se ao suco fresco da uva espremida. Isaías profetiza: "já o pisador não pisará as uvas [yayin] nos lagares" (Isaías 16.10); semelhantemente, Jeremias diz: "fiz que o vinho [yayin] acabasse nos lagares; já não pisarão uvas com júbilo" (Jeremias 48.33). Jeremias até chama de yayin o suco ainda dentro da uva (Jeremias 40.10, 12).
      Outra evidência que yayin, às vezes, refere-se ao suco não fermentado da uva temos em Lamentações, onde o autor descreve os nenês de colo clamando às mães, pedindo seu alimento normal de "trigo e vinho" (Lamentações 2.12). O fato do suco de uva não fermentado poder ser chamado "vinho" tem o respaldo de vários eruditos. A Enciclopédia Judaica (1901) declara: "O vinho fresco antes da fermentação era chamado yayin-mi-gat [vinho de tonel]".
      Além disso, a Enciclopédia Judaica (1971) declara que o termo yayin era usado para designar o suco de uva em diferentes etapas, inclusive "o vinho recém-espremido antes da fermentação." O Talmude Babilônico atribui ao rabino Hiyya uma declaração a respeito de "vinho [yayin] do lagar".
      E em Halakot Gedalot consta: "Pode-se espremer um cacho de uvas, posto que o suco da uva seja considerado vinho [yayin] em conexão com as leis do nazireado" (citado por Louis Ginzberg no Almanaque Judaico Americano, 1923).
      A outra palavra hebraica traduzida por "vinho" é tirosh, que significa "vinho novo" ou "vinho da vindima". Tirosh ocorre 38 vezes no Antigo Testamento; nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao produto não fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de uvas (Isaías 65.8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Deuteronômio 11.14; Provérbios 3.10; Joel 2.24).
      Brown, Driver, Briggs (Léxico Hebraico-Inglês do Velho Testamento) declaram que tirosh significa "mosto, vinho fresco ou novo". A “Enciclopédia Judaica (1901) diz que tirosh inclui todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não vinho fermentado”. Tirosh tem "bênção nele" (Isaías 65.8); o vinho fermentado, no entanto, "é escarnecedor" (Provérbios 20.1) e causa embriaguez (Provérbios 23.31).
      Além dessas duas palavras para "vinho", há outra palavra hebraica que ocorre 23 vezes no Antigo Testamento, e frequentemente no mesmo contexto — shekar, geralmente traduzida por "bebida forte" (I Samuel 1.15; Números 6.3). Certos estudiosos dizem que shekar, mais comumente, refere-se à bebida fermentada, talvez feita de suco de fruto de palmeira, de romã, de maçã, ou de tâmara.
      A Enciclopédia Judaica (1901) sugere que quando yayin se distingue de shekar, aquele era um tipo de bebida fermentada diluída em água, ao passo que esta não era diluída. Ocasionalmente, shekar pode referir-se a um suco doce, não fermentado, que satisfaz. Shekar relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode significar "beber à vontade", além de "embriagar".
      Na maioria dos casos, saiba-se que quando yayin e shekar aparecem juntos, formam uma única figura de linguagem que se refere às bebidas embriagantes.
      Em vários lugares o Antigo Testamento condena o uso de yayin e shekar como bebidas fermentadas. A Bíblia descreve os maus efeitos do vinho embriagante na história de Noé (Gênesis 9.20-27). Ele plantou uma vinha, fez a vindima, fez vinho embriagante de uva e bebeu. Isso o levou à embriaguez, à imodéstia, à indiscrição e à tragédia familiar em forma de uma maldição imposta sobre Canaã.
      Nos tempos de Abraão, o vinho embriagante contribuiu para o incesto que resultou em gravidez nas filhas de Ló (Gênesis 19.31-38).
      Devido ao potencial das bebidas alcoólicas para corromper, Deus ordenou que todos os sacerdotes de Israel se abstivessem de vinho e doutras bebidas fermentadas, durante sua vida ministerial. Deus considerava a violação desse mandamento suficientemente grave para motivar a pena de morte para o sacerdote que a cometesse (Levíticos 10.9-11).
      Deus também revelou a sua vontade a respeito do vinho e das bebidas fermentadas ao fazer da abstinência uma exigência para todos que fizessem voto de nazireado.
      Salomão, na sabedoria que Deus lhe deu, escreveu: "O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio" (Provérbios 20.1). As bebidas alcoólicas podem levar o usuário a zombar do padrão de justiça estabelecido por Deus e a perder o autocontrole no tocante ao pecado e à imoralidade. Finalmente, a Bíblia declara de modo inequívoco que para evitar ais e pesares e, em lugar disso, fazer a vontade de Deus, os justos não devem admirar, nem desejar qualquer vinho fermentado que possa embriagar e viciar (Provérbios 23.29-35).
      O elevado nível de vida separada e dedicada a Deus, dos nazireus, devia servir como exemplo a todo israelita que quisesse assim fazer (Números 6.2). Deus deu aos nazireus instruções claras a respeito do uso do vinho. Eles deviam abster-se "de vinho e de bebida forte" (6.3; Deuteronômio 14.26); nem sequer lhes era permitido comer ou beber qualquer produto feito de uvas, quer em forma líquida, quer em forma sólida. O mais provável é que Deus tenha dado esse mandamento como salvaguarda ante a tentação de tomar bebidas inebriantes e ante a possibilidade de um nazireu beber vinho alcoólico por engano (6.3-4).
      Deus não queria que uma pessoa totalmente dedicada a Ele se deparasse com a possibilidade de embriaguez ou de viciar-se (Levíticos 10.8-11; Provérbios 31.4,5). Daí, o padrão mais alto posto diante do povo de Deus, no tocante às bebidas alcoólicas, era a abstinência total (6.3-4).
      Beber álcool leva frequentemente a vários outros pecados (tais como a imoralidade sexual ou a criminalidade). Os nazireus não deviam comer nem beber nada que tivesse origem na videira, a fim de ensinar-lhes que deviam evitar o pecado e tudo que se assemelhasse ao pecado, que leva a ele, ou que tenta a pessoa a cometê-lo.
      O padrão divino para os narizeus, da total abstinência de vinho e de bebidas fermentadas, era rejeitado por muitos em Israel nos tempos de Amós. Esse profeta declarou que os ímpios "aos nazireus destes vinho a beber" (Amós 2.12). O profeta Isaías declara por sua vez: "o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos do vinho, desencaminham-se por causa da bebida forte, andam errados na visão e tropeçam no juízo. Porque todas as suas mesas estão cheias de vômitos e de imundícia; não há nenhum lugar limpo" (Isaías 28.7,8). Assim ocorreu, porque esses dirigentes recusaram o padrão da total abstinência estabelecido por Deus (Provérbios 31.4,5).
      A marca essencial do nazireado — i.e., sua total consagração a Deus e aos seus padrões mais elevados — é um dever do crente em Cristo (Romanos 12.1; II Coríntios 6.17; 7.1). A abstinência de tudo quanto possa levar a pessoa ao pecado, estimular o desejo por coisas prejudiciais, abrir caminho à dependência de drogas ou do álcool, ou levar um irmão ou irmã a tropeçar, é tão necessário para o crente hoje quanto o era para o nazireu dos tempos do Antigo Testamento (I Tessalonicenses 5.6; Tito 2.2).
      A palavra vinho origina-se da palavra latina vinum, que por sua vez tem origem na palavra grega oinos. Retirando-se os sufixos têm-se os radicais de cada palavra:
oin(os) = oin               vin(um) = vin               vin(ho) = vin
      Nota-se assim a clara ascendência etimológica da palavra vinho, e fica patente sua origem na palavra latina vinum que tem o mesmo significado da palavra grega que a originou: oinos.
      Segundo o léxico de latim de Lewis & Short, os significados da palavra "vinum" são: Uvas. Vinum pendens (vinho pendente).
      No Thesaurus Linguae Latinae tem-se as definições da palavra "vinum" suportadas pelo conteúdo das obras de diversos autores clássicos. Entre estas definições duas chamam atenção: Aigleuces vinum ("vinho doce") e Defrutum vinum ("vinho fervido"), ambas são descritas como vinhos não fermentados (não alcoólicos).
      Já o Phraseologia Generalis define a palavra latina "mustum" (mosto) como "vinho novo", e a frase vinum pendens como "vinho ainda no pé". Vale aqui ressaltar a definição atual da palavra mosto, conforme o dicionário Michaelis, qual seja: Sumo da uva, antes de se completar a fermentação. Suco, em fermentação, de qualquer fruta que contenha açúcar. Mosto virgem: sumo que corre das uvas e outras frutas, antes de serem pisadas.
      Também se nota na palavra mosto a perda do significado original que seria "o suco fresco de uvas". Aristóteles em seu livro Metereologica informa o sentido da palavra oinos (vinho) ao definir glukus, um suco de uvas adocicado, da seguinte forma: "embora chamado vinho (oinos), ele não tem os efeitos do vinho, apesar de ter o sabor do vinho ele não intoxica como o vinho comum". Em outra passagem Aristóteles diz o seguinte: - "Alguns tipos de vinho (oinos), como por exemplo, o mosto (gleukos), se solidificam quando fervidos".
      Na Septuaginta, tradução do Velho Testamento do hebraico para o grego, os tradutores com grande frequência traduziram a palavra hebraica "tirosh" que significa suco de uvas fresco como oinos (vinho) sem qualquer adjetivação, mesmo havendo uma palavra que alguns poderiam afirmar ser "uma melhor tradução" para o suco de uvas fresco, no caso gleukos (mosto). Estes fatos indicam de forma inequívoca a qualquer que se proponha a estudar de forma séria esta questão que a melhor tradução para "suco de uvas recém-espremido" em grego é mesmo oinos (vinho).
      As palavras que deram origem à palavra "vinho" devem ser interpretadas tanto como suco de uvas não fermentado, quanto como suco de uvas fermentado. Sob esta ótica, a palavra "vinho" deveria ter este mesmo significado. Mas, o que se observa é a palavra vinho significando somente o suco de uvas com fermentação etílica. Deduz-se desta forma que em algum ponto do nosso passado houve uma mudança no significado original da palavra.
      O Dicionário luso-brasileiro Lello Universal traz várias definições para o vinho, sendo uma delas a do "vinho abafado" como sendo: "o vinho doce proveniente de uma fermentação parcial do mosto, sustada pelo calor, ou pelo anidrido sulfuroso ou por outro processo que não altere o valor higiênico do vinho, mas em que não intervenha a alcoolização." Este dicionário apesar de indicar o vinho como sendo "bebida alcoólica que se obtém da fermentação, total ou parcial, do sumo de uvas frescas (mosto)" traz uma exceção, o vinho abafado, que é um vinho não alcoólico, bem como resgata o significado original de mosto: "sumo de uvas frescas".
      No Dicionário da Língua Portuguesa de José da Fonseca (J. I. Roquete) de 1848 encontra-se a seguinte definição de vinho: "liquor extraído da uva". Procurando-se no mesmo dicionário a definição da palavra liquor tem-se as seguintes definições: "Substância fluida e líquida; Bebida espirituosa".
      A palavra hebraica yayin tem rigorosamente o mesmo significado da palavra latina vinum e da palavra grega oinos, como pode ser visto pelos seus radicais:
(ya)yin               oin(os)               vin(um)               yin = oin = vin
      A Enciclopédia Judaica de 1971 apresenta uma descrição dos diversos usos da palavra yayin, entre eles cabe destaque a alguns que permitem que seus diversos significados fiquem claros:
yayin mi-gat...............O vinho recém espremido antes da sua fermentação (vinho novo)
yayin yashan..............O vinho fermentado do ano anterior (vinho velho)
yashan noshan............O vinho fermentado com três anos ou mais (vinho muito velho)
      Tem-se que a palavra yayin a exemplo de oinos e vinum tanto pode ser utilizada para referenciar vinho com fermentação etílica quanto vinho não fermentado.
      A tradução da Bíblia de João Ferreira de Almeida foi desenvolvida no decorrer do século XVII, e a este tempo a palavra vinho ainda mantinha o seu significado original, ou seja, suco de uvas fermentado ou não, tal qual as palavras que estavam sendo traduzidas do grego e do hebraico, oinos e yayin, respectivamente. Não cabe, portanto, qualquer argumentação sobre a palavra vinho significar, na Bíblia, somente o suco de uvas fermentado, pois esta palavra é utilizada para definir todos os líquidos obtidos a partir da uva.
      Neste ponto é importante verificar como o Velho Testamento trata a questão do vinho, tanto com relação ao vinho fermentado quanto ao não fermentado.
      Não há dúvida que com grande freqüência a palavra yayin é utilizada referindo-se ao vinho fermentado no Velho Testamento. Mas invariavelmente, quando ocorre com este significado, diz respeito aos efeitos maléficos resultantes do uso do vinho e à sua consequente condenação divinos.
      Referências ao vinho não fermentado não são tão claramente documentadas na Bíblia quanto às condenações ao intoxicante vinho fermentado. Mas, é sempre possível chegar-se ao verdadeiro significado das palavras utilizadas através do contexto em que se encontram.
      Nas passagens a seguir a palavra "vinho" tem o significado óbvio de "vinho não fermentado":
"Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à cepa mais excelente; ele lavará a sua roupa no vinho, e a sua capa em sangue de uvas." (Gênesis 49.11).
      Apesar de esta ser uma passagem profética, as figuras apresentadas são verídicas. Nesta passagem Jacó está abençoando a seus filhos e Judá irá amarrar o seu jumentinho à vide e lavará a sua roupa no vinho.
      Fica claro que não haveria como Judá extrair vinho fermentado diretamente da vide. E mais, a construção "sangue de uvas", em hebraico, é sinônima de vinho, e sangue de uvas é sim suco de uvas recém-espremido, ou em outras palavras, vinho não fermentado.
"Naquele dia haverá uma vinha de vinho tinto; cantai-lhe. Eu, o SENHOR, aguardo e cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia a guardarei." (Isaías 27.2-3).
      Esta é outra passagem profética, sobre uma vinha cuidada diretamente pelo Senhor. A palavra hebraica traduzida aqui como vinho tinto é chemer, que significa literalmente vinho puro ou vinho ainda por ser fervido, clara referência ao suco fresco de uvas.
      O Velho Testamento coloca o vinho não fermentado, seja o suco concentrado de uvas, seja o suco fresco de uvas, como uma bênção aos que temem a Deus e fazem a Sua vontade.
      A crença popular de que Jesus Cristo, apesar de não ter sido um beberrão, tinha o hábito de beber moderadamente vinho alcoólico, e não só isto, mas que tenha também produzido deste vinho em grande quantidade nas bodas de Caná, tem moldado a opinião e a forma de agir de muitos cristãos quanto ao hábito de tomar bebidas fermentadas ou destiladas. A posição é esta: - "Se Cristo fez, recomendou e tomou vinho alcoólico, os cristãos devem seguir o Seu exemplo".
      Ao analisar esta passagem é importante ter em mente qual o objetivo de Jesus ao realizar o milagre da transformação de água em vinho, qual fosse manifestar a Sua glória como Filho de Deus e despertar a confiança dos seus discípulos na Sua capacidade de salvar o seu povo do pecado. Partindo deste princípio, crer que Jesus, sabendo que os convidados já "haviam bebido muito", criou vários litros de vinho alcoólico (entre 383,28 e 574,92 litros) desrespeitando desta forma a clara vontade de Deus, é algo além da mais desvairada imaginação.
"Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações; e para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, e para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado por meio de Moisés." (Levíticos 10.9-11).
"O vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio." (Provérbios 20.1).
"Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente" (Provérbios 23.31).
      É inimaginável o Senhor Jesus iniciar seu ministério contrariando de tal forma a vontade do Pai, e contribuindo decisivamente para a embriaguez das pessoas presentes àquela festa.
"Ai daquele que dá de beber ao seu companheiro! Ai de ti, que adiciona à bebida o teu furor, e o embebedas para ver a sua nudez!" (Habacuque 2.15).
      Os modernos pesquisadores estão alertando a respeito da síndrome fetal do álcool, que é um grupo de defeitos físicos e mentais no nascimento, resultantes do consumo de álcool durante a gravidez. Estes defeitos incluem atraso mental, déficit de crescimento, mau funcionamento do sistema nervoso, anomalias cranianas e desajustes de comportamento.
      Segundo a OMS2, a cada ano, no mundo, nascem 12.000 bebês com a síndrome fetal do álcool. Alguns sintomas podem não tornarem-se óbvios até que o bebê atinja uma idade entre três e quatro anos, contudo, seus efeitos são irreversíveis.
      E sendo Jesus Cristo o Filho de Deus, não seria questionar sua divindade, sabedoria e discernimento entre o bem e o mal afirmar que Ele teria servido vinho intoxicante em uma festa de casamento? Fica claro aqui que o que Cristo fez foi sim o bom e puro vinho, isto é, o natural e saudável suco de uvas.
      No Antigo Testamento os pecados do povo de Israel eram expiados através de um sistema de sacrifícios onde o sangue de animais era vertido com esta finalidade. Porém, ao contrário do que muitos pensam, o sistema de sacrifícios não foi abolido no Novo Testamento, o que ocorreu foi uma alteração neste sistema. Ao invés do sacrifício de animais, tem-se agora um sacrifício muito mais excelente, um sacrifício definitivo, um sacrifício capaz de remir os pecados não apenas do povo de Israel, mas de toda a humanidade: O sacrifício de Jesus, o Cordeiro sem mácula, o Filho de Deus, que verteu o seu sangue como expiação pelos pecados do mundo.
      A Ceia do Senhor foi instituída como um memorial a este sacrifício definitivo, e neste cerimonial foram instituídas as figuras do pão e do cálice.
      Na instituição do cerimonial, Jesus nos informa que o conteúdo do cálice é o fruto da vide:
"E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue; o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai." (Mateus 26.27-29).
      O vinho fermentado, sempre alcoólico e intoxicante, não condiz com o pão ázimo (não fermentado) utilizado na Ceia do Senhor por ocasião da Páscoa, e não condiz com a pureza necessária para que simbolizasse o sangue de Cristo. O vinho fermentado não é um fruto da vide. É um subproduto obtido através de um processo químico de fermentação que atua sobre as moléculas de açúcar do suco, alterando suas propriedades e gerando álcool etílico e dióxido de carbono. Assim o vinho fermentado não é mais o fruto da vide, é agora o fruto modificado em algo diferente, um subproduto. E como símbolo do puro e incorrupto sangue de Cristo um subproduto modificado não seria a melhor escolha, e certamente não foi a opção de Jesus em momento algum.
      Desta forma chega-se à seguinte conclusão: O puro e natural suco de uvas, este sim um fruto da vide, foi o líquido utilizado para representar o sangue do Nosso Senhor na instituição da Ceia do Senhor.
      Por todas estas inequívocas indicações dadas pela Palavra de Deus, tem-se que o fruto da vide ao qual o Senhor se referiu é o próprio fruto espremido, o puro suco de uvas, o vinho não fermentado. Este é o cálice da Ceia do Senhor.


O Vinho no Novo Testamento
(João 2.1-11)
      A palavra grega mais utilizada para se referir a vinho no Novo Testamento é “oinos”.  Quer na Bíblia, quer na literatura secular da época. Esta palavra, assim como a “yayin” do Antigo Testamento, pode referir-se aos dois tipos de suco de uva: o não fermentado e o fermentado. Prova desta equivalência entre as palavras yayin e oinos é que esta foi exatamente a palavra utilizada pelos eruditos judeus que traduziram o Antigo Testamento do hebraico para o grego. Em todos os lugares onde a palavra yayin aparece no original, aparece a palavra oinos na versão grega.
      Antes mesmo da era cristã, oinos era utilizada com o significado de suco fresco de uva. Aristóteles, em sua obra Metereologica, Anacreontes, Nicandro e diversos outros autores gregos do período compreendido entre 500 a.C. até os primeiros anos da Era Cristã, utilizam a palavra oinos para se referir ao suco fresco da uva recém espremida.
      No Novo Testamento, o primeiro milagre realizado por Jesus, segundo o evangelho de João (2.1-11), é a transformação da água em vinho. Daí muitos utilizarem-se levianamente dessa passagem bíblica para justificar que o consumo do álcool não contraria a Palavra do Senhor.
      Ora, João 2.10 deixa claro que o vinho produzido por intermédio do milagre de Jesus só foi servido após todo o vinho reservado para a festa ter sido consumido, quando todos haviam bebido fartamente. Desta forma deveríamos acreditar que não era vinho fermentado e, que o primeiro milagre do Deus encarnado, que tanto admoestou para os perigos da embriaguês, foi fornecer pelo menos 500 litros de puro suco da videira.
      Em I Co 6.9-10 o apóstolo Paulo coloca os bêbados junto dos ladrões e dos adúlteros.
      Na Ceia do Senhor, nem Mateus, nem Marcos, nem Lucas, utilizam a palavra “oinos” para descrever a bebida da Ceia. Os três primeiros Evangelhos empregam a expressão “fruto da vide” (Mateus 26.29; Marcos 14.25; Lucas 22.18). O vinho não fermentado é o único “fruto da vide” sem fermentação e, portanto, sem álcool. A fermentação altera o fruto da videira. Vinho fermentado não é fruto da vide; não é produzido pela videira.
      Jesus instituiu a Ceia do Senhor quando ele e seus discípulos celebravam a Páscoa. A lei da Páscoa em Êxodo 12.14-20 proibia, durante a semana daquele evento, a presença de fermento (hebraico seor) ou qualquer agente fermentador tanto no vinho quanto no pão, pois o fermento é o símbolo do pecado nos tempos bíblicos.  
      No mundo antigo, o fermento era obtido da espuma da superfície do vinho quando em fermentação. A fermentação simboliza a corrupção e o pecado (Mateus 16.6-12; I Coríntios 5.7,8). Jesus, o Filho de Deus, cumpriu a lei em todas as suas exigências (Mateus 5.17). Logo, teria cumprido a lei de Deus para a Páscoa e não teria usado vinho fermentado.
      O sangue puro de Cristo (Salmos 16.10; Atos 2.27; 13.37) jamais poderia ser representado por algo corrompido e fermentado. O fruto da vide, simbolizando o sangue incorruptível de Cristo é melhor representado por suco de uva não fermentado (I Pedro 1.18,19). Desta forma, fica claro que, diante da natureza Santa e incorruptível de Deus, é inadmissível supor que o cristão, sob qualquer pretexto e em qualquer circunstância possa fazer uso de bebida alcoólica.
      Contraria a revelação bíblica e a perfeita obediência de Cristo a seu Pai celestial, supor que Ele desobedeceu ao mandamento do Pai: “Não olheis para o vinho, quando se mostra vermelho e se escoa suavemente” (Provérbios 23.31).
      Outra passagem bíblica que é largamente explorada por aqueles que defendem o consumo das bebidas alcoólicas, está em I Timóteo 5.23: “Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades”.
      Na mesma epístola aconselha a Timóteo sobre o comportamento daquele que aspira ao episcopado, em que uma das qualidades destacadas é que o mesmo seja “não dado ao vinho”. O fato de Paulo precisar recomendar que seu discípulo fizesse uso do vinho e ainda explicar-lhe que tal utilização se daria para fins medicinais indica que Timóteo, homem de Deus versado nas Sagradas Escrituras e cheio do Espírito Santo, não utilizava nenhum tipo de vinho.

      Inúmeros são os problemas causados na vida das pessoas pela ingestão de bebidas alcoólicas. Estes problemas afetam desde o convívio social do indivíduo até a manutenção de sua vida e de pessoas próximas. Existem estatísticas alarmantes sobre o desastre causado na vida das pessoas pelo consumo do álcool, que o tornam o inimigo público número um, chegando a matar 25 vezes mais que todas as drogas ilegais juntas!
      O álcool pode atingir todos os tecidos do organismo célula por célula, pelo fato de ser completamente miscível em água, causando com isto inúmeras desordens físicas e psíquicas. O uso do álcool pode provocar aumento de peso, dependência química, impotência sexual, vários tipos de câncer e pode estimular o surgimento de outras doenças físicas graves, como por exemplo, úlceras, cirrose hepática, hepatite alcoólica e a esteatose hepática.
      Foi comprovada uma relação direta entre o aumento do número de homicídios e o aumento do consumo de bebidas alcoólicas no Brasil. Segundo o IBGE, o consumo de cerveja passou de 25 litros por habitante para 48,4 litros por habitante entre 1979 e 1999, havendo um aumento do número de homicídios por 100.000 habitantes em quantidade proporcionalmente equivalente.
      Segundo o Núcleo de Estudos da Violência da USP a receita mais comum para um assassinato é uma arma na mão e alguns goles de qualquer bebida alcoólica na cabeça. Segundo o mesmo estudo, 40% dos assassinatos ocorrem sob a influência de bebidas alcoólicas.
      Além disto, o álcool está envolvido em 65% dos afogamentos, 22% dos acidentes domésticos, 77% das quedas, 40% dos assaltos, 35% dos crimes sexuais e em 30% dos suicídios. O uso de álcool está também estreitamente ligado às mortes por acidentes de trânsito.
      Dados indicam também que uma em cada quatro famílias tem em seu seio problemas relacionados ao uso do álcool, como crianças com deficiências mentais, divórcios, violência no lar, doenças, crimes e mortes.
      São números impressionantes, e levam à conclusão que a ingestão de bebidas alcoólicas é um dos mais sérios problemas da humanidade e tem causado o infortúnio e a derrota de milhões de pessoas.

      O álcool é responsável pela perda de milhares de vidas todos os anos. Incontáveis tragédias familiares, acidentes de trânsito, brigas, arruaças e toda a sorte de confusões tem sua origem no consumo da bebida alcoólica. Alcoolismo não é doença, apesar de transformar suas vítimas em doentes. Alcoolismo é fruto do pecado. Doença não se compra em garrafas e nem se oferece em festas. Do mesmo modo, doença nenhuma impede qualquer pessoa de entrar no céu, mas o álcool impede. Deus não é Deus de confusão. Não há espaço para a bebida alcoólica num lar cristão. Basta lembrar que para Deus, todos os pecados são iguais. Não existe “pecadinho” nem “pecadão”. A Palavra do Senhor é lâmpada para os pés do justo.

      O consumo de bebida alcoólica é pecado, e como tal afasta o homem de Deus. Não se deixe seduzir. Não se deixe enganar. O cristão NÃO deve jamais consumir qualquer bebida alcoólica, em qualquer quantidade, sob nenhum pretexto.

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