O
Vinho no Antigo Testamento
(Números
6.3)
“... de vinho e de bebida forte se apartará; vinagre
de vinho ou vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem de
uvas; nem uvas frescas nem secas comerá."
De um
modo geral, há duas palavras hebraicas traduzidas por "vinho" na
Bíblia. A primeira palavra, a mais comum, é yayin, um termo genérico usado 141
vezes no Antigo Testamento para indicar vários tipos de vinho fermentado ou não
fermentado (Neemias 5.18, que fala de "todo o vinho [yayin]" = todos
os tipos).
Por um
lado, yayin aplica-se a todos os tipos de suco de uva fermentado (Gênesis
9.20,21; 19.32-33; I Samuel 25.36,37; Provérbios 23.30,31). Os resultados
trágicos de tomar vinho fermentado aparecem em vários trechos do Antigo Testamento,
notadamente (Provérbios 23.29-35).
Por
outro lado, yayin também se usa com referência ao suco doce, não fermentado, da
uva. Pode referir-se ao suco fresco da uva espremida. Isaías profetiza:
"já o pisador não pisará as uvas [yayin] nos lagares" (Isaías 16.10);
semelhantemente, Jeremias diz: "fiz que o vinho [yayin] acabasse nos
lagares; já não pisarão uvas com júbilo" (Jeremias 48.33). Jeremias até
chama de yayin o suco ainda dentro da uva (Jeremias 40.10, 12).
Outra
evidência que yayin, às vezes, refere-se ao suco não fermentado da uva temos em
Lamentações, onde o autor descreve os nenês de colo clamando às mães, pedindo
seu alimento normal de "trigo e vinho" (Lamentações 2.12). O fato do
suco de uva não fermentado poder ser chamado "vinho" tem o respaldo
de vários eruditos. A Enciclopédia Judaica (1901) declara: "O vinho fresco
antes da fermentação era chamado yayin-mi-gat [vinho de tonel]".
Além
disso, a Enciclopédia Judaica (1971) declara que o termo yayin era usado para
designar o suco de uva em diferentes etapas, inclusive "o vinho
recém-espremido antes da fermentação." O Talmude Babilônico atribui ao
rabino Hiyya uma declaração a respeito de "vinho [yayin] do lagar".
E em
Halakot Gedalot consta: "Pode-se espremer um cacho de uvas, posto que o
suco da uva seja considerado vinho [yayin] em conexão com as leis do
nazireado" (citado por Louis Ginzberg no Almanaque Judaico Americano,
1923).
A outra
palavra hebraica traduzida por "vinho" é tirosh, que significa
"vinho novo" ou "vinho da vindima". Tirosh ocorre 38 vezes
no Antigo Testamento; nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao
produto não fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de uvas (Isaías
65.8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Deuteronômio 11.14; Provérbios
3.10; Joel 2.24).
Brown,
Driver, Briggs (Léxico Hebraico-Inglês do Velho Testamento) declaram que tirosh
significa "mosto, vinho fresco ou novo". A “Enciclopédia Judaica (1901)
diz que tirosh inclui todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não vinho
fermentado”. Tirosh tem "bênção nele" (Isaías 65.8); o vinho
fermentado, no entanto, "é escarnecedor" (Provérbios 20.1) e causa
embriaguez (Provérbios 23.31).
Além dessas duas palavras para
"vinho", há outra palavra hebraica que ocorre 23 vezes no Antigo
Testamento, e frequentemente no mesmo contexto — shekar, geralmente traduzida
por "bebida forte" (I Samuel 1.15; Números 6.3). Certos estudiosos
dizem que shekar, mais comumente, refere-se à bebida fermentada, talvez feita
de suco de fruto de palmeira, de romã, de maçã, ou de tâmara.
A
Enciclopédia Judaica (1901) sugere que quando yayin se distingue de shekar,
aquele era um tipo de bebida fermentada diluída em água, ao passo que esta não
era diluída. Ocasionalmente, shekar pode referir-se a um suco doce, não fermentado,
que satisfaz. Shekar relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode
significar "beber à vontade", além de "embriagar".
Na maioria
dos casos, saiba-se que quando yayin e shekar aparecem juntos, formam uma única
figura de linguagem que se refere às bebidas embriagantes.
Em
vários lugares o Antigo Testamento condena o uso de yayin e shekar como bebidas
fermentadas. A Bíblia descreve os maus efeitos do vinho embriagante na história
de Noé (Gênesis 9.20-27). Ele plantou uma vinha, fez a vindima, fez vinho embriagante
de uva e bebeu. Isso o levou à embriaguez, à imodéstia, à indiscrição e à
tragédia familiar em forma de uma maldição imposta sobre Canaã.
Nos
tempos de Abraão, o vinho embriagante contribuiu para o incesto que resultou em
gravidez nas filhas de Ló (Gênesis 19.31-38).
Devido
ao potencial das bebidas alcoólicas para corromper, Deus ordenou que todos os
sacerdotes de Israel se abstivessem de vinho e doutras bebidas fermentadas,
durante sua vida ministerial. Deus considerava a violação desse mandamento
suficientemente grave para motivar a pena de morte para o sacerdote que a
cometesse (Levíticos 10.9-11).
Deus
também revelou a sua vontade a respeito do vinho e das bebidas fermentadas ao
fazer da abstinência uma exigência para todos que fizessem voto de nazireado.
Salomão,
na sabedoria que Deus lhe deu, escreveu: "O vinho é escarnecedor, e a
bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será
sábio" (Provérbios 20.1). As bebidas alcoólicas podem levar o usuário a
zombar do padrão de justiça estabelecido por Deus e a perder o autocontrole no
tocante ao pecado e à imoralidade. Finalmente, a Bíblia declara de modo
inequívoco que para evitar ais e pesares e, em lugar disso, fazer a vontade de
Deus, os justos não devem admirar, nem desejar qualquer vinho fermentado que
possa embriagar e viciar (Provérbios 23.29-35).
O
elevado nível de vida separada e dedicada a Deus, dos nazireus, devia servir
como exemplo a todo israelita que quisesse assim fazer (Números 6.2). Deus deu
aos nazireus instruções claras a respeito do uso do vinho. Eles deviam
abster-se "de vinho e de bebida forte" (6.3; Deuteronômio 14.26); nem
sequer lhes era permitido comer ou beber qualquer produto feito de uvas, quer
em forma líquida, quer em forma sólida. O mais provável é que Deus tenha dado
esse mandamento como salvaguarda ante a tentação de tomar bebidas inebriantes e
ante a possibilidade de um nazireu beber vinho alcoólico por engano (6.3-4).
Deus não
queria que uma pessoa totalmente dedicada a Ele se deparasse com a
possibilidade de embriaguez ou de viciar-se (Levíticos 10.8-11; Provérbios
31.4,5). Daí, o padrão mais alto posto diante do povo de Deus, no tocante às
bebidas alcoólicas, era a abstinência total (6.3-4).
Beber
álcool leva frequentemente a vários outros pecados (tais como a imoralidade
sexual ou a criminalidade). Os nazireus não deviam comer nem beber nada que
tivesse origem na videira, a fim de ensinar-lhes que deviam evitar o pecado e
tudo que se assemelhasse ao pecado, que leva a ele, ou que tenta a pessoa a
cometê-lo.
O padrão
divino para os narizeus, da total abstinência de vinho e de bebidas
fermentadas, era rejeitado por muitos em Israel nos tempos de Amós. Esse
profeta declarou que os ímpios "aos nazireus destes vinho a beber"
(Amós 2.12). O profeta Isaías declara por sua vez: "o sacerdote e o
profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos do vinho,
desencaminham-se por causa da bebida forte, andam errados na visão e tropeçam
no juízo. Porque todas as suas mesas estão cheias de vômitos e de imundícia;
não há nenhum lugar limpo" (Isaías 28.7,8). Assim ocorreu, porque esses
dirigentes recusaram o padrão da total abstinência estabelecido por Deus
(Provérbios 31.4,5).
A marca
essencial do nazireado — i.e., sua total consagração a Deus e aos seus padrões
mais elevados — é um dever do crente em Cristo (Romanos 12.1; II Coríntios
6.17; 7.1). A abstinência de tudo quanto possa levar a pessoa ao pecado,
estimular o desejo por coisas prejudiciais, abrir caminho à dependência de
drogas ou do álcool, ou levar um irmão ou irmã a tropeçar, é tão necessário
para o crente hoje quanto o era para o nazireu dos tempos do Antigo Testamento
(I Tessalonicenses 5.6; Tito 2.2).
A
palavra vinho origina-se da palavra latina vinum, que por sua vez tem origem na
palavra grega oinos. Retirando-se os sufixos têm-se os radicais de cada
palavra:
oin(os) = oin vin(um) = vin vin(ho) = vin
Nota-se
assim a clara ascendência etimológica da palavra vinho, e fica patente sua
origem na palavra latina vinum que tem o mesmo significado da palavra grega que
a originou: oinos.
Segundo o léxico de latim de Lewis &
Short, os significados da palavra "vinum" são: Uvas. Vinum pendens
(vinho pendente).
No
Thesaurus Linguae Latinae tem-se as definições da palavra "vinum"
suportadas pelo conteúdo das obras de diversos autores clássicos. Entre estas
definições duas chamam atenção: Aigleuces vinum ("vinho doce") e
Defrutum vinum ("vinho fervido"), ambas são descritas como vinhos não
fermentados (não alcoólicos).
Já o
Phraseologia Generalis define a palavra latina "mustum" (mosto) como
"vinho novo", e a frase vinum pendens como "vinho ainda no
pé". Vale aqui ressaltar a definição atual da palavra mosto, conforme o
dicionário Michaelis, qual seja: Sumo da uva, antes de se completar a
fermentação. Suco, em fermentação, de qualquer fruta que contenha açúcar. Mosto
virgem: sumo que corre das uvas e outras frutas, antes de serem pisadas.
Também
se nota na palavra mosto a perda do significado original que seria "o suco
fresco de uvas". Aristóteles em seu livro Metereologica informa o sentido
da palavra oinos (vinho) ao definir glukus, um suco de uvas adocicado, da
seguinte forma: "embora chamado vinho (oinos), ele não tem os efeitos do
vinho, apesar de ter o sabor do vinho ele não intoxica como o vinho
comum". Em outra passagem Aristóteles diz o seguinte: - "Alguns tipos
de vinho (oinos), como por exemplo, o mosto (gleukos), se solidificam quando
fervidos".
Na
Septuaginta, tradução do Velho Testamento do hebraico para o grego, os
tradutores com grande frequência traduziram a palavra hebraica
"tirosh" que significa suco de uvas fresco como oinos (vinho) sem
qualquer adjetivação, mesmo havendo uma palavra que alguns poderiam afirmar ser
"uma melhor tradução" para o suco de uvas fresco, no caso gleukos (mosto).
Estes fatos indicam de forma inequívoca a qualquer que se proponha a estudar de
forma séria esta questão que a melhor tradução para "suco de uvas recém-espremido"
em grego é mesmo oinos (vinho).
As
palavras que deram origem à palavra "vinho" devem ser interpretadas tanto
como suco de uvas não fermentado, quanto como suco de uvas fermentado. Sob esta
ótica, a palavra "vinho" deveria ter este mesmo significado. Mas, o
que se observa é a palavra vinho significando somente o suco de uvas com
fermentação etílica. Deduz-se desta forma que em algum ponto do nosso passado
houve uma mudança no significado original da palavra.
O
Dicionário luso-brasileiro Lello Universal traz várias definições para o vinho,
sendo uma delas a do "vinho abafado" como sendo: "o vinho doce proveniente
de uma fermentação parcial do mosto, sustada pelo calor, ou pelo anidrido
sulfuroso ou por outro processo que não altere o valor higiênico do vinho, mas
em que não intervenha a alcoolização." Este dicionário apesar de indicar o
vinho como sendo "bebida alcoólica que se obtém da fermentação, total ou
parcial, do sumo de uvas frescas (mosto)" traz uma exceção, o vinho
abafado, que é um vinho não alcoólico, bem como resgata o significado original
de mosto: "sumo de uvas frescas".
No
Dicionário da Língua Portuguesa de José da Fonseca (J. I. Roquete) de 1848
encontra-se a seguinte definição de vinho: "liquor extraído da uva".
Procurando-se no mesmo dicionário a definição da palavra liquor tem-se as
seguintes definições: "Substância fluida e líquida; Bebida
espirituosa".
A
palavra hebraica yayin tem rigorosamente o mesmo significado da palavra latina
vinum e da palavra grega oinos, como pode ser visto pelos seus radicais:
(ya)yin oin(os) vin(um) yin = oin = vin
A Enciclopédia Judaica
de 1971 apresenta uma descrição dos diversos usos da palavra yayin, entre eles
cabe destaque a alguns que permitem que seus diversos significados fiquem
claros:
yayin mi-gat...............O vinho recém espremido
antes da sua fermentação (vinho novo)
yayin yashan..............O vinho fermentado do ano
anterior (vinho velho)
yashan noshan............O vinho fermentado com três
anos ou mais (vinho muito velho)
Tem-se
que a palavra yayin a exemplo de oinos e vinum tanto pode ser utilizada para
referenciar vinho com fermentação etílica quanto vinho não fermentado.
A
tradução da Bíblia de João Ferreira de Almeida foi desenvolvida no decorrer do
século XVII, e a este tempo a palavra vinho ainda mantinha o seu significado original,
ou seja, suco de uvas fermentado ou não, tal qual as palavras que estavam sendo
traduzidas do grego e do hebraico, oinos e yayin, respectivamente. Não cabe,
portanto, qualquer argumentação sobre a palavra vinho significar, na Bíblia,
somente o suco de uvas fermentado, pois esta palavra é utilizada para definir
todos os líquidos obtidos a partir da uva.
Neste
ponto é importante verificar como o Velho Testamento trata a questão do vinho,
tanto com relação ao vinho fermentado quanto ao não fermentado.
Não há
dúvida que com grande freqüência a palavra yayin é utilizada referindo-se ao
vinho fermentado no Velho Testamento. Mas invariavelmente, quando ocorre com
este significado, diz respeito aos efeitos maléficos resultantes do uso do
vinho e à sua consequente condenação divinos.
Referências
ao vinho não fermentado não são tão claramente documentadas na Bíblia quanto às
condenações ao intoxicante vinho fermentado. Mas, é sempre possível chegar-se
ao verdadeiro significado das palavras utilizadas através do contexto em que se
encontram.
Nas
passagens a seguir a palavra "vinho" tem o significado óbvio de
"vinho não fermentado":
"Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o
filho da sua jumenta à cepa mais excelente; ele lavará a sua roupa no vinho, e
a sua capa em sangue de uvas." (Gênesis 49.11).
Apesar
de esta ser uma passagem profética, as figuras apresentadas são verídicas.
Nesta passagem Jacó está abençoando a seus filhos e Judá irá amarrar o seu
jumentinho à vide e lavará a sua roupa no vinho.
Fica
claro que não haveria como Judá extrair vinho fermentado diretamente da vide. E
mais, a construção "sangue de uvas", em hebraico, é sinônima de
vinho, e sangue de uvas é sim suco de uvas recém-espremido, ou em outras palavras,
vinho não fermentado.
"Naquele dia haverá uma vinha de vinho tinto;
cantai-lhe. Eu, o SENHOR, aguardo e cada momento a regarei; para que ninguém
lhe faça dano, de noite e de dia a guardarei." (Isaías 27.2-3).
Esta é
outra passagem profética, sobre uma vinha cuidada diretamente pelo Senhor. A
palavra hebraica traduzida aqui como vinho tinto é chemer, que significa
literalmente vinho puro ou vinho ainda por ser fervido, clara referência ao
suco fresco de uvas.
O Velho
Testamento coloca o vinho não fermentado, seja o suco concentrado de uvas, seja
o suco fresco de uvas, como uma bênção aos que temem a Deus e fazem a Sua
vontade.
A crença
popular de que Jesus Cristo, apesar de não ter sido um beberrão, tinha o hábito
de beber moderadamente vinho alcoólico, e não só isto, mas que tenha também
produzido deste vinho em grande quantidade nas bodas de Caná, tem moldado a
opinião e a forma de agir de muitos cristãos quanto ao hábito de tomar bebidas
fermentadas ou destiladas. A posição é esta: - "Se Cristo fez, recomendou
e tomou vinho alcoólico, os cristãos devem seguir o Seu exemplo".
Ao
analisar esta passagem é importante ter em mente qual o objetivo de Jesus ao
realizar o milagre da transformação de água em vinho, qual fosse manifestar a
Sua glória como Filho de Deus e despertar a confiança dos seus discípulos na
Sua capacidade de salvar o seu povo do pecado. Partindo deste princípio, crer
que Jesus, sabendo que os convidados já "haviam bebido muito", criou
vários litros de vinho alcoólico (entre 383,28 e 574,92 litros) desrespeitando
desta forma a clara vontade de Deus, é algo além da mais desvairada imaginação.
"Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu
nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não
morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações; e para fazer
diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, e para ensinar
aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado por meio de
Moisés." (Levíticos 10.9-11).
"O vinho é escarnecedor, a bebida forte
alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio." (Provérbios
20.1).
"Não olhes para o vinho quando se mostra
vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente" (Provérbios
23.31).
É
inimaginável o Senhor Jesus iniciar seu ministério contrariando de tal forma a
vontade do Pai, e contribuindo decisivamente para a embriaguez das pessoas
presentes àquela festa.
"Ai daquele que dá de beber ao seu companheiro!
Ai de ti, que adiciona à bebida o teu furor, e o embebedas para ver a sua
nudez!" (Habacuque 2.15).
Os
modernos pesquisadores estão alertando a respeito da síndrome fetal do álcool,
que é um grupo de defeitos físicos e mentais no nascimento, resultantes do
consumo de álcool durante a gravidez. Estes defeitos incluem atraso mental,
déficit de crescimento, mau funcionamento do sistema nervoso, anomalias
cranianas e desajustes de comportamento.
Segundo
a OMS2, a cada ano, no mundo, nascem 12.000 bebês com a síndrome fetal do
álcool. Alguns sintomas podem não tornarem-se óbvios até que o bebê atinja uma
idade entre três e quatro anos, contudo, seus efeitos são irreversíveis.
E sendo
Jesus Cristo o Filho de Deus, não seria questionar sua divindade, sabedoria e
discernimento entre o bem e o mal afirmar que Ele teria servido vinho
intoxicante em uma festa de casamento? Fica claro aqui que o que Cristo fez foi
sim o bom e puro vinho, isto é, o natural e saudável suco de uvas.
No Antigo
Testamento os pecados do povo de Israel eram expiados através de um sistema de
sacrifícios onde o sangue de animais era vertido com esta finalidade. Porém, ao
contrário do que muitos pensam, o sistema de sacrifícios não foi abolido no
Novo Testamento, o que ocorreu foi uma alteração neste sistema. Ao invés do
sacrifício de animais, tem-se agora um sacrifício muito mais excelente, um
sacrifício definitivo, um sacrifício capaz de remir os pecados não apenas do
povo de Israel, mas de toda a humanidade: O sacrifício de Jesus, o Cordeiro sem
mácula, o Filho de Deus, que verteu o seu sangue como expiação pelos pecados do
mundo.
A Ceia do
Senhor foi instituída como um memorial a este sacrifício definitivo, e neste
cerimonial foram instituídas as figuras do pão e do cálice.
Na
instituição do cerimonial, Jesus nos informa que o conteúdo do cálice é o fruto
da vide:
"E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho,
dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue; o sangue do novo
testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos
que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba
de novo convosco no reino de meu Pai." (Mateus 26.27-29).
O vinho
fermentado, sempre alcoólico e intoxicante, não condiz com o pão ázimo (não
fermentado) utilizado na Ceia do Senhor por ocasião da Páscoa, e não condiz com
a pureza necessária para que simbolizasse o sangue de Cristo. O vinho fermentado
não é um fruto da vide. É um subproduto obtido através de um processo químico
de fermentação que atua sobre as moléculas de açúcar do suco, alterando suas
propriedades e gerando álcool etílico e dióxido de carbono. Assim o vinho
fermentado não é mais o fruto da vide, é agora o fruto modificado em algo
diferente, um subproduto. E como símbolo do puro e incorrupto sangue de Cristo
um subproduto modificado não seria a melhor escolha, e certamente não foi a
opção de Jesus em momento algum.
Desta
forma chega-se à seguinte conclusão: O puro e natural suco de uvas, este sim um
fruto da vide, foi o líquido utilizado para representar o sangue do Nosso
Senhor na instituição da Ceia do Senhor.
Por
todas estas inequívocas indicações dadas pela Palavra de Deus, tem-se que o
fruto da vide ao qual o Senhor se referiu é o próprio fruto espremido, o puro
suco de uvas, o vinho não fermentado. Este é o cálice da Ceia do Senhor.
O
Vinho no Novo Testamento
(João
2.1-11)
A
palavra grega mais utilizada para se referir a vinho no Novo Testamento é
“oinos”. Quer na Bíblia, quer na
literatura secular da época. Esta palavra, assim como a “yayin” do Antigo
Testamento, pode referir-se aos dois tipos de suco de uva: o não fermentado e o
fermentado. Prova desta equivalência entre as palavras yayin e oinos é que esta
foi exatamente a palavra utilizada pelos eruditos judeus que traduziram o
Antigo Testamento do hebraico para o grego. Em todos os lugares onde a palavra
yayin aparece no original, aparece a palavra oinos na versão grega.
Antes
mesmo da era cristã, oinos era utilizada com o significado de suco fresco de
uva. Aristóteles, em sua obra Metereologica, Anacreontes, Nicandro e diversos
outros autores gregos do período compreendido entre 500 a.C. até os primeiros
anos da Era Cristã, utilizam a palavra oinos para se referir ao suco fresco da
uva recém espremida.
No Novo
Testamento, o primeiro milagre realizado por Jesus, segundo o evangelho de João
(2.1-11), é a transformação da água em vinho. Daí muitos utilizarem-se
levianamente dessa passagem bíblica para justificar que o consumo do álcool não
contraria a Palavra do Senhor.
Ora,
João 2.10 deixa claro que o vinho produzido por intermédio do milagre de Jesus
só foi servido após todo o vinho reservado para a festa ter sido consumido,
quando todos haviam bebido fartamente. Desta forma deveríamos acreditar que não
era vinho fermentado e, que o primeiro milagre do Deus encarnado, que tanto
admoestou para os perigos da embriaguês, foi fornecer pelo menos 500 litros de
puro suco da videira.
Em I Co
6.9-10 o apóstolo Paulo coloca os bêbados junto dos ladrões e dos adúlteros.
Na Ceia
do Senhor, nem Mateus, nem Marcos, nem Lucas, utilizam a palavra “oinos” para
descrever a bebida da Ceia. Os três primeiros Evangelhos empregam a expressão
“fruto da vide” (Mateus 26.29; Marcos 14.25; Lucas 22.18). O vinho não fermentado
é o único “fruto da vide” sem fermentação e, portanto, sem álcool. A
fermentação altera o fruto da videira. Vinho fermentado não é fruto da vide;
não é produzido pela videira.
Jesus
instituiu a Ceia do Senhor quando ele e seus discípulos celebravam a Páscoa. A
lei da Páscoa em Êxodo 12.14-20 proibia, durante a semana daquele evento, a presença
de fermento (hebraico seor) ou qualquer agente fermentador tanto no vinho
quanto no pão, pois o fermento é o símbolo do pecado nos tempos bíblicos.
No mundo
antigo, o fermento era obtido da espuma da superfície do vinho quando em
fermentação. A fermentação simboliza a corrupção e o pecado (Mateus 16.6-12; I
Coríntios 5.7,8). Jesus, o Filho de Deus, cumpriu a lei em todas as suas
exigências (Mateus 5.17). Logo, teria cumprido a lei de Deus para a Páscoa e
não teria usado vinho fermentado.
O sangue
puro de Cristo (Salmos 16.10; Atos 2.27; 13.37) jamais poderia ser representado
por algo corrompido e fermentado. O fruto da vide, simbolizando o sangue
incorruptível de Cristo é melhor representado por suco de uva não fermentado (I
Pedro 1.18,19). Desta forma, fica claro que, diante da natureza Santa e
incorruptível de Deus, é inadmissível supor que o cristão, sob qualquer
pretexto e em qualquer circunstância possa fazer uso de bebida alcoólica.
Contraria a revelação bíblica e a perfeita obediência de Cristo a seu
Pai celestial, supor que Ele desobedeceu ao mandamento do Pai: “Não olheis para
o vinho, quando se mostra vermelho e se escoa suavemente” (Provérbios 23.31).
Outra
passagem bíblica que é largamente explorada por aqueles que defendem o consumo
das bebidas alcoólicas, está em I Timóteo 5.23: “Não bebas mais água só, mas
usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes
enfermidades”.
Na mesma
epístola aconselha a Timóteo sobre o comportamento daquele que aspira ao
episcopado, em que uma das qualidades destacadas é que o mesmo seja “não dado
ao vinho”. O fato de Paulo precisar recomendar que seu discípulo fizesse uso do
vinho e ainda explicar-lhe que tal utilização se daria para fins medicinais
indica que Timóteo, homem de Deus versado nas Sagradas Escrituras e cheio do
Espírito Santo, não utilizava nenhum tipo de vinho.
Inúmeros
são os problemas causados na vida das pessoas pela ingestão de bebidas
alcoólicas. Estes problemas afetam desde o convívio social do indivíduo até a
manutenção de sua vida e de pessoas próximas. Existem estatísticas alarmantes
sobre o desastre causado na vida das pessoas pelo consumo do álcool, que o
tornam o inimigo público número um, chegando a matar 25 vezes mais que todas as
drogas ilegais juntas!
O álcool
pode atingir todos os tecidos do organismo célula por célula, pelo fato de ser
completamente miscível em água, causando com isto inúmeras desordens físicas e
psíquicas. O uso do álcool pode provocar aumento de peso, dependência química,
impotência sexual, vários tipos de câncer e pode estimular o surgimento de
outras doenças físicas graves, como por exemplo, úlceras, cirrose hepática,
hepatite alcoólica e a esteatose hepática.
Foi
comprovada uma relação direta entre o aumento do número de homicídios e o
aumento do consumo de bebidas alcoólicas no Brasil. Segundo o IBGE, o consumo
de cerveja passou de 25 litros por habitante para 48,4 litros por habitante entre
1979 e 1999, havendo um aumento do número de homicídios por 100.000 habitantes
em quantidade proporcionalmente equivalente.
Segundo
o Núcleo de Estudos da Violência da USP a receita mais comum para um
assassinato é uma arma na mão e alguns goles de qualquer bebida alcoólica na
cabeça. Segundo o mesmo estudo, 40% dos assassinatos ocorrem sob a influência
de bebidas alcoólicas.
Além
disto, o álcool está envolvido em 65% dos afogamentos, 22% dos acidentes
domésticos, 77% das quedas, 40% dos assaltos, 35% dos crimes sexuais e em 30%
dos suicídios. O uso de álcool está também estreitamente ligado às mortes por
acidentes de trânsito.
Dados
indicam também que uma em cada quatro famílias tem em seu seio problemas
relacionados ao uso do álcool, como crianças com deficiências mentais,
divórcios, violência no lar, doenças, crimes e mortes.
São
números impressionantes, e levam à conclusão que a ingestão de bebidas
alcoólicas é um dos mais sérios problemas da humanidade e tem causado o infortúnio
e a derrota de milhões de pessoas.
O álcool
é responsável pela perda de milhares de vidas todos os anos. Incontáveis
tragédias familiares, acidentes de trânsito, brigas, arruaças e toda a sorte de
confusões tem sua origem no consumo da bebida alcoólica. Alcoolismo não é
doença, apesar de transformar suas vítimas em doentes. Alcoolismo é fruto do
pecado. Doença não se compra em garrafas e nem se oferece em festas. Do mesmo
modo, doença nenhuma impede qualquer pessoa de entrar no céu, mas o álcool
impede. Deus não é Deus de confusão. Não há espaço para a bebida alcoólica num
lar cristão. Basta lembrar que para Deus, todos os pecados são iguais. Não
existe “pecadinho” nem “pecadão”. A Palavra do Senhor é lâmpada para os pés do
justo.
O consumo
de bebida alcoólica é pecado, e como tal afasta o homem de Deus. Não se deixe
seduzir. Não se deixe enganar. O cristão NÃO deve jamais consumir qualquer
bebida alcoólica, em qualquer quantidade, sob nenhum pretexto.
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