Rio+20
A Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, será realizada
de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro.
A Rio+20 é assim
conhecida porque marca os vinte anos de realização da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e deverá contribuir para
definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.
A proposta
brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela Assembleia-Geral das Nações
Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009.
O objetivo da
Conferência é a renovação do compromisso político com o desenvolvimento
sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação
das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento
de temas novos e emergentes.
A Conferência
terá dois temas principais: a economia verde no contexto do desenvolvimento
sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o
desenvolvimento sustentável.
A Rio+20 será
composta por três momentos. Nos primeiros dias, de 13 a 15 de junho, está
prevista a III Reunião do Comitê Preparatório, no qual se reunirão
representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados
na Conferência.
Em seguida,
entre 16 e 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. De 20
a 22 de junho, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Conferência, para o qual é
esperada a presença de diversos Chefes de Estado e de Governo dos
países-membros das Nações Unidas.
Os preparativos para
a Conferência
A Resolução
64/236 da Assembleia-Geral das Nações Unidas determinou a realização da
Conferência, seu objetivo e seus temas, além de estabelecer a programação das
reuniões do Comitê Preparatório (conhecidas como “PrepComs”).
O Comitê vem
realizando sessões anuais desde 2010, além de “reuniões intersessionais”,
importantes para dar encaminhamento às negociações.
Além das
“PrepComs”, diversos países têm realizado “encontros informais” para ampliar as
oportunidades de discussão dos temas da Rio+20.
O processo
preparatório é conduzido pelo Subsecretário-Geral da ONU para Assuntos
Econômicos e Sociais e Secretário-Geral da Conferência, Embaixador Sha Zukang,
da China.
O Secretariado
da Conferência conta ainda com dois Coordenadores-Executivos, a Senhora
Elizabeth Thompson, ex-Ministra de Energia e Meio Ambiente de Barbados, e o
Senhor Brice Lalonde, ex-Ministro do Meio Ambiente da França.
Os preparativos
são complementados pela Mesa Diretora da Rio+20, que se reúne com regularidade
em Nova York e decide sobre questões relativas à organização do evento.
Fazem parte da
Mesa Diretora representantes dos cinco grupos regionais da ONU, com a
co-presidência do Embaixador Kim Sook, da Coréia do Sul, e do Embaixador John
Ashe, de Antígua e Barbuda. O Brasil, na qualidade de país-sede da Conferência,
também está representado na Mesa Diretora.
Os
Estados-membros, representantes da sociedade civil e organizações
internacionais tiveram até o dia 1º de novembro para enviar ao Secretariado da
Conferência propostas por escrito. A partir dessas contribuições, o
Secretariado preparará um texto-base para a Rio+20, chamado “zero draft”
(“minuta zero” em inglês), o qual será negociado em reuniões ao longo do
primeiro semestre de 2012.
Histórico
Estocolmo 1972
• Realizada há quarenta anos, a Conferência de Estocolmo
representou o primeiro grande
passo em busca da superação dos problemas ambientais. Até
então, era comum pensar que os recursos naturais eram inesgotáveis e que a
Terra suportaria toda ação humana. Foi somente a partir da reunião de
Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que a
temática ambiental passou a integrar a agenda política internacional.
• A poluição crescente da água e do ar, a ameaça de extinção
de espécies da fauna e da flora e os cada vez mais comuns acidentes ambientais,
como o que ocorreu na usina nuclear russa de Tcheliabinski em 1957
(contaminando cerca de 250 mil pessoas), ajudaram a sociedade civil e os
governantes a desenvolver a consciência ambiental que impulsionou a realização
da Conferência. Foi na capital sueca que se estabeleceu o dia 5 de junho como o
Dia Mundial do Meio Ambiente. Naquela ocasião, foram também estabelecidos os
princípios que norteiam, até hoje, a política ambiental da maioria dos países.
Rio - 92
• Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento ou Rio-92, foi o maior evento realizado no âmbito
das Nações Unidas até então. Delegados de 172 países e 108 chefes de Estado,
além de 10 mil jornalistas e representantes de 1.400 ONGs, estiveram presentes
no Riocentro, enquanto membros de sete mil ONGs e boa parte da população do Rio
de Janeiro, de várias cidades do Brasil e de outras partes do mundo reuniram-se
no Fórum Global, no Aterro do Flamengo.
• A Conferência do Rio consolidou o conceito de
desenvolvimento sustentável, proposto pelo
Relatório “Nosso Futuro Comum”, de 1987, que buscava superar
o conflito aparente entre
desenvolvimento e proteção ambiental.
• No contexto das decisões da Rio 92, estabeleceu-se a
Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima, a Convenção sobre Diversidade
Biológica, a Declaração de
Princípios sobre Florestas, a Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento e
a Agenda 21. Dois anos depois, foi assinada a Convenção das
Nações Unidas sobre Combate
à Desertificação. A Rio-92 representou, desse modo, ponto de
inflexão na discussão internacional do desenvolvimento sustentável.
Rio +10
• As Nações Unidas decidiram realizar, em 2002, na África do
Sul, uma Conferência para marcar os dez anos da Rio-92, analisar os resultados alcançados
e indicar o caminho a ser seguido para implementação dos compromissos.
A Cúpula Mundial
sobre Desenvolvimento Sustentável reuniu, em Johanesburgo, mais de 100 Chefes
de Estado e reafirmou metas relativas à erradicação da pobreza, à promoção da
saúde, à expansão dos serviços de água e saneamento, à defesa da biodiversidade
e à destinação de resíduos tóxicos e não-tóxicos.
• A agenda de debates incluiu energias renováveis e
responsabilidade ambiental das empresas, bem como a necessidade de que todos os
atores sociais somem esforços na promoção do desenvolvimento sustentável.
Declaração de
Princípios sobre Florestas
• Garante aos Estados o direito soberano de aproveitar suas
florestas de modo sustentável, de acordo com suas necessidades de
desenvolvimento.
• Em 1995, foi criado o Painel Intergovernamental sobre
Florestas, e, em 1997, o Fórum Intergovernamental sobre Florestas, que
culminaram com a criação, pelo ECOSOC, do Fórum sobre Florestas das Nações Unidas
(UNFF), em 2000. O objetivo é promover o gerenciamento, a conservação e o
desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas e fortalecer
compromissos políticos de longo prazo para esse fim.
• Instrumento não-vincuIante sobre todos os tipos de
florestas: adotado pela Assembléia-Geral da ONU em 2007, após a UNFF7, busca
fortalecer compromissos pela implementação do gerenciamento sustentável de todos
os tipos de floresta; aumentar a contribuição das florestas para o cumprimento
das Metas do Milênio; e prover marco de cooperação nacional e internacional.
Carta da Terra
• Como desdobramento da Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, foi lançada, em 1994, iniciativa da sociedade civil
internacional para edição da Carta da Terra, com valores fundamentais e princípios
úteis para a construção de uma sociedade justa, sustentável e pacífica no
século XXI.
• O termo “desenvolvimento sustentável” foi apresentado no
Relatório “Nosso Futuro Comum”, de 1987, tendo como diretriz a ideia de um
desenvolvimento “que atenda às necessidades das gerações presentes sem
comprometer a habilidade das gerações futuras de suprirem suas próprias
necessidades”.
• O desenvolvimento sustentável é concebido na interação
entre três pilares: o pilar social, o pilar econômico e o pilar ambiental.
• Na Rio+20, assim como ocorreu na Rio-92, espera-se pensar
o futuro. Além de refletir sobre as ações adotadas desde 1992, deseja-se
estabelecer as principais diretrizes para orientar o
desenvolvimento sustentável pelos próximos vinte anos A
Rio+20 tem o potencial de ser o mais importante evento de política internacional
dos próximos anos. Será uma Conferência sobre desenvolvimento sustentável,
abarcando suas dimensões econômica, social e ambiental.
• A Resolução 64/236, de 2009, da Assembléia-Geral das
Nações Unidas, estabelece como objetivo da Conferência a renovação do
compromisso político internacional com o desenvolvimento sustentável, por meio
da avaliação da das ações implementadas e da discussão de desafios novos e
emergentes.
• As Nações Unidas definiram como temas para a Conferência:
– Economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável
e da erradicação da pobreza
– Estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
•Sob o tema “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável
e da erradicação da pobreza”, o desafio proposto à comunidade internacional é o
de pensar um novo modelo de desenvolvimento que seja ambientalmente
responsável, socialmente justo e economicamente viável. Assim, a “economia verde”
deve ser uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável. O Brasil propõe-se
a facilitar as discussões, uma vez que o debate sobre o tema encontra-se em
estágio inicial.
• Sob o tema da estrutura institucional para o
desenvolvimento sustentável, insere-se a discussão sobre a necessidade de fortalecimento
do multilateralismo como instrumento legítimo para solução dos problemas
globais. Busca-se aumentar a coerência na atuação das instituições
internacionais relacionadas aos pilares social, ambiental e econômico do
desenvolvimento.
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